Monday, January 28, 2008

Correção

Peço a qualquer leitor que volte ao Post "Cinema", a segunda frase do Manuel F. Torres foi escrita como sacrilégio ao seu significado real.
Já o devia ter feito e até pensava que o tinha mesmo feito. Agora sim, corrigi-a e assim ninguém fica defraudado.

Cornos

Era o que já dizia o Queiroz:

"Porque nós somos avançados! Vamos com os cornos onde os outros não se atrevem a meter nem as mãos nem os pés"

E isto é a produção cinematográfica, se bem que há que admitir que é muito mais cool levar umas luvinhas ou uns nucleos com fita de cámara ao cinto, que não se deixem enganar quando dizem que teem que carregar muito e trabalhar depressa, o nosso é muito mais duro, rápido e exigente.

Saturday, October 27, 2007

Errata

Dois posts mais abaixo tentei manter um certo rigor etimológico nas palavras racismo e preconceito. Está mal, preconceito, de conceito prévio não é a palavra certa para que se leia bem esse post gostava de a poder mudar para atitude discriminatória e faço-o com este post.

Tuesday, October 23, 2007

Filme Romantico

Mais um final de outro dia cansativo. Ao voltar do trabalho, que se tinha complicado porque tinha emprestado o computador portatil a um amigo para que pudesse fazer aquela viagem à Hungria, decidiu telefonar-lhe. "Ouve lá, estavas à espera que te telefonasse eu para que me devolvesses o computador?", "Epah acabei de chegar, não sejas assim...", "Pronto, desculpa, mas é que preciso mesmo dele, não sei como é que sobrevivi estas duas ultimas semanas sem isso, vou passar aí a busca-lo agora","Agora? Mas vou ao teatro", "Eu levo-te","Levas-me?","Levo, estou aí daqui a 15 minutos, é a que horas?","Ás oito","Ok em 15 estou aí", "Epah fdx... ok até já".

Nem sequer tinha reparado nas horas, mas era cedo, ainda havia muito tempo. Esteve muito tempo à espera à porta do prédio, não podia subir porque não havia lugar para o carro, arrumou em frente a uma garagem e esperou. Já não importava, a estas horas com a boa disposição que levava, esperar até se tornava numa coisa relaxante quando já sabia que tinha que o fazer. A verdade é que por este amigo ele esperava sempre, sentia-se sempre estupido mas esperava.



Então o Pedro desceu, finalmente desceu, com o computador ao ombro, de cabelo lavado, arranjado e perfumado: "porque é que demoraste tanto tempo?", "Queria passar os ficheiros para o meu computador", "Hoh, podias ter descido e depois eu fazia-o em casa e dava-te num DVD ou assim... caga nisso, onde é que é?", "Tirso", "Porreiro, perto de casa, siga não pára!!".



"Então, foi giro?", "Foi lindo, eles estão a trabalhar bem, filmes bons têm os Hungaros, tecnicamente e boas histórias, eu fiquei impressionado. E os meus colegas estavam todos a trabalhar bem, nalgum sítio e as curtas das escolas deles são boas hehe fodass, eu até tinha vergonha de mostrar as nossas hehehe"...



Durante a viagem Pedro falou sobre a sua viagem, coisas que no fundo só lhes interessavam a eles os dois naquele momento, chegaram a Tirso, arrumaram o carro, continuaram a conversar sobre como se devem fazer as coisas e Pedro recebeu uma mensagem: "Se calhar tenho um bilhete extra". "Queres vir?" disse "Porque não, siga, é o quê?", "Um musical, dos duo dinamico, uns musicos espanhóis conhecidos no tempo dos nossos pais... não deve ser grande coisa", "Bora, experimentar não dói e é grátis".



Quando o Simão e o Pedro se encaminhavam para o teatro o irritantissimo toque de telemóvel a anunciar o telefonema da miuda obriga o Simão a ir pedir um bocadillo de calamares, uma coca-cola e a preparar-se para um largo periodo de falta de companhia.

Era hora de espreitar, eu não ia arranjado nem penteado, tudo o que tinha eram uns ténis rotos com nove anos e vários kilómetros, uns calções e uma camisola verde, com capuz. Tudo era brilhante, a carpete vermelha, os focos pequeninos nas câmaras de televisão, as paredes brancas do interior do teatro, os brincos, os relógios, os cintos, os vestidos, as peles (boas peles), tudo era brilhante menos o que se dizia.


Sinto-me observado, quem está a olhar? Olá, estou-te a ver, porque é que estas a olhar para mim? É o meu cabelo despenteado tapado pelo capuz? As pernas peludas à mostra por causa dos calções? Ou os ténis, os meus ténis rotos? Não, estás a olhar directamente para os ol..."Simão! Olha os Bilhetes. Vamos lá acima ver bem o cenário? O meu pai está um bocado chateado porque o sentaram na 3ª fila e lá em baixo, diz que se vê bem é em cima, o cenário está feito nas laterais também."

Depois do passeio as luzes acendem e apagam, vai começar...
E é tãããão aborrecido... Musica que não conheço, maus actores, uma ou duas coreografias engraçadas, uma bailarina chinesa fantástica e o intervalo, finalmente o intervalo...

"Pepitos, acho que me vou embora, estou farto, isto é mau e estou cansado", "Sim, é chato, e eu estou meio doente também vou". Despeço-me dos pais e dou-lhe o tempo que precisa para o fazer... mas saio. Chove pouco e enrolo um golden virgínia, não consigo deixar de pensar na imagem desde fora, verde no centro, tapete e alcatifa vermelhas por fora; muita gente bem vestida à volta de um maltrapilho, chuva, um teatro na medida do real, afinal sempre valeu a pe..."Hola", (quem é?) "huh... Hola?!"
"Que tal? yo estoy ya medio dormida", "Si, te entiendo, esto es muy malo... yo estoy cansado, puedes ver que he venido del curro directo, quiero dormir... a lo mejor me tomo algo antes...","Si... tu puedes - olha para trás - yo no, me invitaron mis amigos y tengo que quedarme", "Vale, pues... hasta la proxima", "Si, vale hasta luego", "Hasta Luego".

Fantástico, nunca me tinha acontecido. Subiu as escadarias laterais e fiquei em frente às grandes portas de vidro, voltei a acender o cigarro que se tinha apagado com a conversa e com a humidade que tinha subido no ar. Começou a chover mais, o pepitos demorava e ela ficou na mezzanine la de cima a conversar com uma amiga, apanhei-a a olhar para baixo e acenei. Quando me acenou de volta fiz o tópico movimento de levar o telefone ao ouvido com o polegar e o mindinho e de escrever num papel, foi uma descida triunfante e tudo estava encenado, melhor que encenado:real. Depois? Apareceu o pepitos e fui para o meu bairro tomar umas cervejas com uns amigos que estavam lá à espera.

Pleymo - Blohm

Vamos ter calma

Ufff... como começar...

Ontem na televisão saiu a notícia das afirmações racistas de James Watson, para quem não sabe o descobridor da estrutura de dupla helice do ADN, prémio Nobel da medicina e cientista de primeira linha no campo da biologia molecular e da genética: James Watson declarou a hipótese da diferença racial no que toca à inteligencia. Muito depressa, os ignorantes meios de comunicação social e outros quantos declaradores leigos na matéria despacharam-se em atacá-lo pelo bem da nossa sociedade igualitária.
O unico pecado de Watson é provavelmente a falta de pragmatismo: o seu unico problema Sr. Watson é não ter guardado essa informação durante mais tempo e talvez estudar melhor a maneira de a transmitir à sociedade. Desde logo que dize-lo em público assim não é politicamente correcto.
E como definimos nós o politicamente correcto? Politicamente correcto não significa nem humana nem éticamente correcto, aquilo que está correcto politicamente é aquilo que não leva à exaltação de todas as pessoas que estão à nossa volta e que não interpretam da mesma maneira por terem à partida permissas diferentes nas suas bases linguisticas, politicamente correcto é não explicar as coisas de acordo com os significados etimológicos e académicamente correctos das palavras. Desta maneira, Watson peca só pela sua integridade pragmática ao explicar uma coisa que sabe (ou devia saber) que vai ser controversa de uma maneira ligeira a pessoas que preferem escandalizar a entender.

Os comentários de Watson são obviamente racistas, mas racistas porquê? Porque definem diferenças entre raças. Racismo não é nada mais do que apologia à raça. A existencia de raça dentro da espécie, como há boxers, retrievers e schnauzers, há ários, latinos, pretos, portugueses da beira, portugueses do sul, latinoamericanos. Estas diferenças existem e a mim parecem-me bastante obvias, quem não as veja é cego, astémico e surdo porque não temos a mesma cor, não temos o mesmo cheiro e não temos as mesmas vozes, eu sou racista porque sei que isto é assim (não estamos num tema em que se acredite ou não acredite, é assim).

Volto a definir racismo para quem não leu as primeiras linhas, se centrou nas seguintes, se escandalizou com a comparação com cães e perverteu completamente os meus comentários: Racismo, se formos à sua origem etimológica é fazer apologia à existencia de raças e afirmar as diferenças entre elas. Naturalmente, para ser pragmático não uso esta concepção de racismo quando converso, porque coloquialmente a palavra racismo ganhou o significado de xenofóbico, o preconceituoso em relação à raça diferente. Atenção, falo de preconceito não de estereótipo, falo da atitude contra a diferença, não da consciencia e aceitação da mesma.

Eu li as afirmações de Watson em diários espanhóis, um argentino e li as afirmações de Watson que foram publicadas no Guardian. As afirmações dos dois primeiros foram traduzidas do terceiro, e o terceiro, que não manipulou mas citou o que disse Watson interpretou mal.

Em nenhum momento Watson referiu a inferioridade da raça com base na inteligencia, uma raça não é inferior por na globalidade ter um nivel de inteligência diferente - e por favor, sublinhem o diferente as vezes que quiserem mas saibam o seu significado. É natural que a evolução (como com os pássaros) de acordo com pressões ambientais distintas não será a mesma para individuos distintos da mesma espécie em sítios diferentes. É natural que a diferença física entre grupos seja notória quanto mais nos afastamos tectónica, climatérica e espacialmente; e não nos podemos esquecer que o cérebro como qualquer parte do nosso corpo evolui fisicamente de acordo com a lei do uso e do desuso, e quem tem uma predisposição genética para um melhor aproveitamento desse uso funciona melhor, não significando que quem não a tem não funcione muito bem com o uso contínuo.

Quanto às afirmações de James Watson em relação à politica nos países africanos há outra má interpretação. O facto de que politicamente aí se funcione mal não é só fruto de uma inteligencia diferente (desde logo não inferior), é fruto de uma inteligencia diferente obrigada a adaptar-se a um sistema elaborado por e para outro tipo de inteligencia numa tentativa de colonização ideológica. Já no liceu se fala de genes coincidentes, ou seja, características aparelhadas por acaso que aparentemente funcionam bem juntas no mesmo meio e se mantéem assim.

O facto de que os corpos, as líbidos e as inteligencias sejam diferentes não devia chocar ninguém, infelizmente, a maior parte das afirmações novas (certas ou não) causam revolução dentro do mais racional dos seres por pressões sociais. Eu sou menos capaz de fazer negócio que o Bill Gates ou o Puff Daddy e não me sinto menos pessoa, sou mais pobre que o Tiger Woods e que o Cristiano Ronaldo e não me considero inferior, sou definitivmente menos sexy que o Johnny Depp ou que o Usher mas não me desmoralizo por isso nem tenho o génio creativo do Takeshi Kitano nem do Woody Allen e acho que também vou poder criar cinema à minha maneira (mentira isto é mentira). Neste caso estabeleço diferenças entre os indivíduos, mas o que se aplica ao indivíduo aplica-se ao grupo, e ser normal, fazer parte da maioria dentro de um grupo não é absolutamente obrigatório para fazer parte de esse grupo, disso sai-se, seja por acaso genético ou trabalho, se não se gosta do estereótipo tenta-se não pertencer a ele seja como for.

Eu não me ofendo quando se diz que os portugueses são perguiçosos e pouco organizados porque sei, que ainda que a regra geral seja assim, muita gente luta para não o ser e pequenas alterações vão acontecendo. Para nos indignarmos com Watson deviamos indignarnos com os rankings de PIB, com os pódios desportivos e com qualquer estereótipo físico ou psicológico (que é físico também).
E no final entramos no debate cultura vs genética: há sempre duas pessoas dispostas a discutir sobre isto, mas a verdade é que o vs está a mais, desde pequeninos que nos ensinam que se influenciam mutuamente e o grande erro é atribuir a responsabilidade da evolução só a um destes conceitos, qualquer que seja.´

Sr. Watson eu percebo o que quis dizer e sei que o disse porque acredita nisso sem qualquer preconceito racial mas sim a noção da existência das diferenças entre raças.

O pedido de desculpas de James é tão inteligente como ele e não retira nunca o que disse; o pedido de desculpas é pela sua falta de pragmatismo, o pedido de desculpas é em relação a ter dito o que disse a quem o disse:

"I cannot understand how I could have said what I am quoted as having said. I can certainly understand why people, reading those words, have reacted in the ways they have. To all those who have drawn the inference from my words that Africa, as a continent, is somehow genetically inferior, I can only apologize unreservedly. That is not what I meant. More importantly from my point of view, there is no scientific basis for such a belief".

Estou aberto a qualquer insulto ignorante, sei que não estou errado. Sou Racista, admito a diferença, mas não trato as pessoas de maneira diferente. Depois disto, volto a usar a palavra Racista como o preconceito para que toda a gente perceba o que quero dizer e volto a ser pragmático em ambientes que sei que não estão a ouvir com atenção.

"We do not yet adequately understand the way in which the different environments in the world have selected over time the genes which determine our capacity to do different things," (...) "The overwhelming desire of society today is to assume that equal powers of reason are a universal heritage of humanity."(...)"It may well be. But simply wanting this to be the case is not enough. This is not science. To question this is not to give in to racism. This is not a discussion about superiority or inferiority, it is about seeking to understand differences, about why some of us are great musicians and others great engineers."

James Watson in The Independent (aquilo que se diz como uma clarificação mas que para quem não percebeu à primeira vai soar igualmente a chinês)

Ok Jo - Vivaldi "L'inverno"

P.S: espero que tenham gostado do comentario racista final em relação à lingua chinesa, nem me dei ao trabalho de restringi-lo a um dos dialectos. Chinês e pronto.

Friday, August 31, 2007

Fds

FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


(São 20)

Istanbul

Greetings fellow earthlings.

Não, não vou escrever em inglês. Aliás, em Istambul nem se fala inglês. Acho que nunca foi tão complicado comunicar com a população local... não nunca estive na selva do Cambodja e nunca estive no deserto do Sahara onde imagino que seja complicado sobreviver se não se tem um jeito especial para falar por gestos (entenda-se falar por gestos e não usar linguagem gestual). Istambul é uma cidade com vodafone, renaults clio, burger king, lojas da Diesel e cinemas em versão original subtitulada; ainda assim, ontem à noite não consegui encontrar o Milk. O Milk?

No guia da American Express falavam do Milk como "a discoteca da moda" e a morada é: Akarsu Yokuşu nº 5... não existe (obrigado American Express). O meu irmão abandonou-me e decidi procurar sozinho a noite (no meu imaginário seguramente incrível) de Istambul. Resultado? Três horas a pé para entrar num bar (que não estava assim tão mal) com duas raparigas e um music mix Americó Turco de reggaeton, hip hop e musica house. Nas ruas de istambul não se fala inglês, não se fala françês e não se fala espanhol. Pensei eu que se falaria alguma coisa de alemão mas o facto de eu saber dizer Deutche Hospital impressionou muitos. "TURKISH TURKISH", eu sou muito estupido, se é turco fala turco...

A viagem não está a ser nada má, diversão qb mas uma sociedade divertidamente observável. É uma cidade do mundo com a grande diferença de que não se entende nada (Koifüre é fácil... assim também eu). É verdadeiramente uma pena não perceber nada de certeza que o prazer se multiplicaria por 100, a sorte é que pareço turco e não me estão constantemente a chatear; o azar é que não sou exótico e não me estão sempre a assediar.
A festa lá em cima (no décimo oitavo andar do hotel) estava animada: entre uma conferência daquilo que parece uma consultora internacional e uma equipa de filmagens hindu (a equipa de produção é turca... tinham o orçamento no computador ao lado) tive pena de não ter metido animadamente conversa - os pais imbuem sempre um espírito diferente nas viagens, não pior... diferente (a propósito, não assinei o papel para o segundo Jack Daniels se me perguntarem digo que me esqueci).

Com aquela vista, com aquela musica e com um copo na mão só tenho pena de uma coisa. Heh... mas essa coisa, nem eu vou dizer o que é nem ninguém que ainda leia isto o intui.

Estou bem, recuperado, saudável, SAUDÁVEL! sim...

(Não gostei nada deste post, para que fique registado... ainda por cima as indicações do blogger.com estão todas em turco)

Thursday, June 28, 2007

O Cinema

2ª Feira, dia 18

12h30 Saída de Lisboa

18h30 Chegada a Madrid; Reunião com a equipa de produção, hora de deitar, 24h00

3ª Feira, dia 19

8h00 começa o dia de trabalho, subir e descer varias vezes varios lances de escadas, carregar e descarregar camionetas, varias viagens de carro, ir comprar gelo, ir comprar comida, levar e trazer actores a casa. O dia de trabalho acaba as 6h00 da manhã do dia 20. Não rodamos um dos planos previstos, um plano complicado, com muita figuração numa localização explendida, cheira-me que sabado vai ser uma jornada especialmente dura.

4ª Feira, dia 20

O dia de trabalho começa as 9h30 da manhã, basicamente o mesmo de ontem mas um bocadinho mais intensivo, cresce o consumo de tabaco. O dia de trabalho acaba as 8h00 da manhã de dia 21. Tudo funciona como planeado, que bom... amanhã posso acordar só as 18h00 para ir buscar a primeira actriz.

5ª Feira, dia 21

Merda... são 15h00 da tarde, estou há 2 horas a caminhar sem parar a procura de um restaurante acessivel perto da localização para que toda a equipa possa comer esta noite sentada num restaurante. Mentira, parei 10 minutos para subir à casa onde rodamos hoje e ir buscar uma garrafa de água porque me estava a desidratar. o tempo escasseia, daqui a pouco tenho que ir buscar a Natalia e depois ir buscar a Vicky. O día acaba as 7h00 do dia 22 ao chegar a casa de levar o simpático casal de actores Jesus e Vanesa.

6ª Feira, dia 22

Que dia é hoje? Perdi a noção, "Guillermo (o chefe de produção) no aguanto más tio, mi cabeza no funciona estoy colando". Consegui dormir 5 horas hoje, não percebo porque é que não estou a 100%. Preciso de me sentar... 5 minutos, só 5 minutos... não, não posso. Aproveito o jantar para parar meia hora e por gelo no tornozelo que já está a dar de si. "Quando um homem diz que não pode mais é porque ainda aguenta 50% daquilo que fez." Vem o Luis (director de produção) "Simáo, podrás dormir aqui en localización esta noche para guardar la cámara?". Claro que sim, é uma casa fantastica reservada quase só para filmes e festas, é do caraças, a cama é boa (é a cama onde se deitou a actriz principal nas cenas do quarto) e tem janelas. Depois de uma reunião deito-me, são 9h30 do dia 23.

Sábado, dia 23

Acordo as 15h30! Estou fresco que nem uma alface, hoje vai ser um dia divertido! Mas... a equipa de arte já devia ter chegado, têm uma casa de banho para construir de raiz para esta noite. As 17h30 pude sair, sozinho tanto tempo aproveitei para limpar um bocado o casarão e ler um bocado do livro do Manuel F. Torres, Assistente de realização e super homem do cinema, um cérebro com espaço para toda a macro e microgestão de uma empresa com uma minivida e em que tudo tem que funcionar a 250km/h.
Consegui apanhar o sol de La Latina uma hora até que me telefona o Guillermo com uma urgencia muito urgente...são 18h00, o material para a casa de banho não serve, vou ao Leroy Merlin comprar tudo de novo, tasse bem... Assisto a uma discussão entre o director de arte e a atrecista e vou com ela fazer as compras enquanto lhe explico (por trazer ela o tema a baila) que não tenho nada que me meter nos assuntos do seu departamento mas que ao chefe não se diz que não nunca. Se quiser, ao final do dia e se tem confiança comenta, mas nunca em acção e nunca em frente de membros de outros departamentos... Volo a casa e ao trabalho habitual, o gay de vestuario está demasiado atiradiço, mas prometeu que dava boa palavra minha a miuda de maquilhagem que é uma bomba. 00h00...

Domingo, dia 24

00h00 Rodamos, 8 horas até ao translado, 45 minutos, atravessar Madrid com uma equipa de 40 pessoas, actores e duas camionetas cheias. O Luis está contentissimo, nunca tinha visto uma coisa assim, ele tinha-o planeado muito bem e tinha um equipo eficaz... é óptimo quando um plano funciona. Chegamos ao destino e piro-me para ir comprar 3 bouquets de flores para as actrizes. Devo dizer que foi bastante gratificante ver que o bom gosto se pode aplicar a quase tudo aquilo que se faz de novo, e um jogo de cores, como uma colagem, muito divertido e relaxante. Volta para a rodagem, entrega os ramos, o dia acabou... não! É hora de descer a piscina que há na localização onde estamos (a casa de velazquez, que financia o director e lhe dá residencia) comer pizza, beber cerveja fresca e dar megulhos refrescantes. Afinal a miuda de maquilhagem estava bastante mais interessada do que eu, haha não perdoou, pimba e apercebi-me... esta tipa é uma atrasada mental, nunca conheci ninguém tão desinteressante e bonita ao mesmo tempo. "Ou seja, tens namorado, este pessoal quase todo conhece-o, viu-nos e eu não sabia nada? Decide-te depressa já não estou para estas tretas, queres ou não queres? Se não vou para casa dormir, estou cansado (tinha cumprido as 26 horas acordado com esta frase). Não comento detalhes por escrito, acordei as 22h45 para ir a festa do Julien que vai voltar para a Suiça. Telefona-me o Guillermo "Simao, mañana a las 10h00 en la casa de velazquez vale?", "Vale Jefe". Trinta minutos "Perdona Simao, puedes estar a las 9h00?", "Uff tio... no prometo nada pero lo voy a intentar", "Vale, Vale, no pasa nada". Eu estava ahí as 9h00, esperei até as 9h30, começamos a limpar tudo e a preparar o tema para as devoluções. O dia de trabalho acabou as 00h00 com a entrega das camionetas e a distribuição do lixo (baldes de tinta, panós, etc) pelos caixotes dos quarteirões próximos da localização onde dormi há 3 noites (ou serão 2?).



Porque é que nos submetemos a isto? Tantas horas, loucura e demencia por nada? Não nos pagam, só nos dão os parabéns os companheiros de trabalho, não podemos ter vida social e não podemos lavar a roupa com tempo ou cozinhar em casa. Porquê? Amor? Há coisas pelas quais vale a pena viver assim? Será amor? A promessa de um futuro com sucesso? Não, deve ser amor, porque há coisas pelas quais ainda vale a pena lutar.

"El primer error fue amar, el segundo, corregir el primero"
"Errar es Humano, pero lo nuestro es un trabajo de dioses"
M.F.T.

Jill Scott - Family Reunion

P.S: desculpem a pressa

Thursday, May 03, 2007

Maynard James Keenan

"People that just assume that we're hatefull don't understand that hate, and anger, are two completely separate energies. They might have a similar emotional charge to them but anger is a much more constructive... emotion, than hate, and that's what we're more about, it's the anger. Not all our music, i'm just saying that particular element that people see in it: the agressive nature, the emotional or angry nature of it; and in conjunction with the more compationate, there's a lot of light in our music, there's a lot of light in the end of the tunel, but of course you have to make an effort, to purge yourself through more of the muck to get there."

July 1997

Tuesday, February 27, 2007

FEAR FACTORY




Consumed with memories that preceded today
Given a chance to bereave life that's slipping away


Suffered through tragedy of my slow decay
Deceptive tendencies dragged my soul away


All that I know there was no God for me
Force that shatters all, absence of mortality


Revive all my fears
Revive wasted tears
Revive void within
Revive once again...


Forsaken by destiny, forsaken by my own mind
I must remove my skin to see belief in your eyes


All that I know there was no God for me
Force that shatters all, absence of humanity


Revive all my fears
Revive wasted tears
Revive void within
Revive once again...


<
Reach for the sky
Touch the sky
Revive a hope
For mankind


Fear Factory - Ressurection

Sunday, February 11, 2007

Muros

E o último muro aparece. Alguém disse um dia que eu tinha muros que construía e alguns que já estavam construídos. O ultimo muro constrói-se, o muro mais desejado, aquele que tapa os lamentos, aquele que percebe que para evoluir o melhor é não ter pena do que passa, permite tapar a entrada a esses problemas e deixar que me esforce a tornar a cabeça mais sã. O muro mais necessário, aquele que nos convence a seguir em frente, esse é mais amanteigado ainda, mas funciona, funciona bem. Ainda assim o nível de satisfacção não é máximo, mas é o único disponivel na fase que passamos. Eu e os meus muros continuamos assim: estáticos, mais fortes, sem adversário.

Saturday, February 10, 2007

Atenção

Mas atenção, o facto de nada valer a pena não quer dizer que nada valha o esforço. Pena é o que sentimos quando nos arrependemos do que aconteceu, ou achamos que algo não devia ter acontecido... de acordo com a nossa vontade. O esforço são os recursos que pomos de acordo com o que valorizamos que é rentável a todos os campos. Este esforço serve para melhorar a condição indivídual, a pena ou a tristeza são simples reflexos que não solucionam nenhum problema. Por isso nada vale a pena, porque não se justifíca o luto por uma coisa que não podemos remediar com essa acção.

Sam the Kid - Sedução

Friday, February 09, 2007

Não Vale a Pena

Nada vale a pena. O homem não tem solução, o h pequeno não é casual. Se subimos a um avião apercebemo-nos do pequenos que somos. A abstracção do pensamento é o que nos distingue. A abstracção do pensamento é o grande trunfo dos defensores do ser humano como um ser superior. É verdade! O ser humano é na terra o maior, o superpredador de superpredadores, um ser superior. Mas, um ser superior aos outros seres é um ser superior à natureza e deixa de pertencer à mesma? Nunca vamos contra a natureza nem contra o planeta, não há nada que se possa fazer para evitar o que é evidente.
"O ser humano luta contra a natureza":
-ai sim?
Em todos os ecossistemas há ganhadores, perdedores, dominantes, eliminações da raça inferior em competição, eliminações de parasitas, análise primitiva de capacidades de sobrevivencia e reprodução da espécie, extinção por alteração brusca do ambiente e autoextinção.

O homem está em todo o planeta, o planeta inteiro é o ecossistema da espécie homem, ecossistema esse que funciona de acordo com as leis da natureza, desta maneira, o homem submete-se a qualquer regra imposta pela natureza quando faz parte dessa comunidade e só faz o que ela lhe permite. Qualquer decisão de qualquer pessoa será posta numa balança gigante e dá-se um equilibrio de existência da espécie. Equilíbrio este inevitável em todas as suas características ainda que sejam as mais extremas. No caso do homem, a autoextinção (se é o que se aproxima visto os factos) é o equilíbrio que está destinado à nossa espécie. Mas equilíbrio porquê? Não é oscilante? A existência da espécie sim, pode decrescer, crescer e acabar. Mas a existência da espécie é parte de um universo maior, o ecossistema onde existe. É esse universo que contém o grande equilíbrio de tudo: espécie, não espécie, ser, não ser, vivo, morto, todos contribuem para esse equilíbrio. O ser humano não destrói o planeta, nem vai contra ele ou contra a natureza, o planeta continua a existir, sem condições para o ser humano continuar também, mas não deixa de existir. E se o planeta deixar de existir, será uma partícula que o grande equilíbrio universal tinha que destruír para se manter.



Outra linha

Artifícial é o que é feito pelo homem.
Natural é o que é feito pela natureza.
Artificial não é natural ----> Porquê? O que está em cima define esta frase? Não define pois não?
Acho que não, tudo o que é artificial é natural. É evidente.

Tuesday, January 23, 2007

Blog

As Jeffrey Moussaief Mason states:

"Human beings are not always aware of what they are feeling. Like animals, they may not be able to put their feelings into words. This does not mean they have no feelings. Sigmund Freud once speculated that a man could be in love with a woman for six years and not know it until many years later. Such a man, with all the goodwill in the world, could not have verbalized what he did not know. He had the feelings, but he did not know about them. It may sound like a paradox -- paradoxical because when we think of a feeling, we think of something that we are consciously aware of feeling. As Freud put it in his 1915 article The Unconscious: 'It is surely of the essence of an emotion that we should be aware of it.' Yet it is beyond question that we can 'have' feelings that we do not know about."


Aquilo que eu mais temia aconteceu: o meu blog tornou-se emo; melhores tempos virão.

Thursday, January 18, 2007

A vida na rua é dura. Nunca sabemos se devemos estar naquele canto ou no outro. Ás vezes deixam-me passar no bar da rua da casa do Unhas (o das minis) ou no parque do Quiosque do vesgo. Desde que não o faça descaradamente e não passe aos putos não há problema, vem todo o tipo de gente: os que não têem dinheiro, os que se controlam, os que têem muito dinheiro, meninos da alta, velhos de quarenta anos com ar de oitenta, homens, mulheres, transexuais, pretos, brancos, chinocas... os indianos não vêem não sei porquê, não devem gostar ou se calhar é porque têm alguma coisa paralela... os de leste, turistas tudo, tudo o que nós conhecemos e vemos na rua acaba por ir la parar. Seja comigo ou com o resto do pessoal todos juntos poderíamos dar dados para uma estatística melhor do que a de qualquer agência. Muitos são clientes habituais até que são dissuadidos ou que morrem e os novos normalmente vêem a conselho ou por razões que prefiro não conhecer. "Dá-me um chuto", "Ola sou amigo de tal, não me queres deixar experimentar para eu saber se quero mais", odeio essas frase, "ou queres uma boa dose ou bem podes ir po caralho, não me mexo por uns trocos. Se te recomendaram é porque presta ou não?". O chefe diz vende tudo mas eu não tou para me chatear por pouco. Só saio de casa para fazer a ronda ou para vender grande, "se queres comprar pequeno descobre-me na rua".
"Nunca dizer não" dizem-nos, "não podes ter compaixão pelas pessoas a quem vendes, se elas começam é porque querem, toda a gente sabe o que isto faz, se vêem uma vez é porque a querem mesmo".
Eu não estava à espera disto... se ela nunca tivesse dado o primeiro chuto se calhar não tinha chegado a isto. Evitávamos os problemas, ela, a dor da ressaca e a reabilitação, eu, o complexo e o arrependimento de duas más decisões... nunca devia ter começado a passar, e nunca lhe deveria ter passado. Não tive alternativa, foram as condições e o que passei que me trouxeram aqui. Quando via o fácil que era, o simples que se tornava a minha vida ao recusar o esforço de uma vida dita normal e ir pelo caminho do toma-lá-da-cá-não-há-problema-até-nunca.
Começou a viciar-se, comprava-me todos os dias, alguns dias duas ou três vezes. Também lhe tinham recomendado, telefonou-me e pediu-me um chuto, eu não podia deixar de pensar no que podia estar detrás do auscultador. Quis vê-la, é verdade. Estava curioso, tentar sacar alguma coisa, vamos ver no que pode dar, veio ter ao meu portão.
Estava nova, era uma miuda sã, fumava as suas tinha tido a época de grandes doses mas agora ia com calma. Contra tudo o que me dizia o homem do topo aconselhei-a a não dar o primeiro chuto, não me ouviu... eu também tenho que admitir que o dinheiro vinha mesmo a calhar. E não é todos os dias que se tem uma visita daquelas... Começou a viciar-se, e eu já ia embalado, a minha vida estava estável, fantástica, não tinha que fazer nada de especial mas ela tinha-me como unica fonte. Comecei a preocupar-me. Quando vinha agressiva e histérica eu sabia que tinha metido a pata, dei-lhe demasiado e não consegui evitar que lhe fizesse mal. Se parasse de vender deixava de a ver durante um tempo, e isso não era uma hipótese viável; mas se lhe continuasse a vender sabia que depois de um tempo nunca mais a veria. Tive que tomar a minha segunda decisão: deixei de vender-lhe e paguei-lhe a reabilitação. Graças a isso cortaram-me três dedos*, mas não importa, quando saia vai perceber que a heroína é uma merda e não vai querer que eu a venda. Se tudo correr bem vou ser eu a ter que deixar de vender e poder aproximar-me outra vez. E vão-me cortar um braço ou talvez uma perna, mas eu vou-me aperceber que a própria droga que vendo tornou-se perigosa para mim também.





*É engraçado como há coisas opostas que não se cancelam, duas decisões opostas dão resultados igualmente errados. Vender começou um problema, e deixar de vender não o resolveu. É onde a matemática falhou, aqui -1+1 não é 0, não volta tudo atrás.