Tuesday, January 18, 2005

A vida é um milagre

É verdade, e a felicidade é contagiante, especialmente se estivermos dentro de um filme do Emir Kusturica; é impressionante o efeito que uma banda quasi-punk Jugoslava composta por um violinista, dois guitarristas, um baixista, um vocalista completamente alucinado, um baterista, um saxofonista de túnica e colete balcânico e um tubista (tocador de tuba?) pode ter numa pessoa.
Ontem Emir Kusturica and the No smoking orchestra vieram ao coliseu de Lisboa oferecer boa disposição a uma plateia completamente repleta e surpreendentemente heterogénea (contrariamente do que seria de esperar da visão de entregadores de programas para as legislativas do bloco de esquerda) e cheia de raparigas giras. Um verdadeiro festival de boa disposição - fornecido por um grupo de homens simples sem qualquer tipo de estrelismos coincidente com a habitual rápida ascenção de alguma coisa que se tornou moda em cerca de dois meses - foi aquilo em que tive a oportunidade de estar presente; foi só uma vez que ouvi "acho que nunca estive tão feliz" vindo de um grupo de raparigas que estava atrás de mim; no entanto assimilei essa frase como se eu próprio a tivesse dito, a verdade é que um tipo nos seus 40 (talvez fosse mais novo mas não era isso que parecia) conseguiu por o público (não o jornal) a vibrar e passar a barreira da linguagem cantando em sérvio, inglês, tentando falar em português e com uma linguagem corporal que, parecendo visto na rua um acto de insanidade mental digno de internamento, era um instrumento bestial de transmissão de euforia. Desde as suas vestimentas qua não chegavam a ser ridículas: o vocalista tinha uma camisa ao belo estilo havaiano/ habitante-de-leste-com-mau-gosto azul com flores amarelas, o baixista estava vestido ao bom estilo de capataz de mafia russa, o violinista "the judge" com uma túnica colorida e um dos guitarristas com uma strap-on guitar que rodava e tinha luzes amarelas e vermelhas que dava um efeito «feira popular»; ao caminhar entre o público do vocalista e à sua simulação de boxe com o tubista conjugado com o tocar de violino do "the judge" ("he is going to be fucked today" era o que dizia Emir) de todas as maneiras possíveis... o que é que eu estou a fazer? Nem que fosse um escritor de dotes incomparáveis seria possível descrever as sensações e o que aconteceu no concerto. Vou planear o primeiro inter-rail de maneira a que pelo menos um dos países da ex-Jugoslávia seja visitado em cima de uma data de concertos desta banda... só desta maneira é que a vida pode ser experimentada com mais milagre do que a noite de ontem.

Chega de optimismo: infelizmente não estou a ouvir o gipsy ska-punkrock latino - não interessa o género, as classificações de estilos são para a imprensa saber o que escrever "a musica não se classifica, é para ouvir como quem toma uma bica"* - da No Smoking Band porque não estou em casa e até deveria estar a estudar bioquímica II.. acabou o intervalo.

*adaptação do slogan do programa Jazz café da oxigénio 102.6.

Sunday, January 16, 2005

Farto

Estou farto de ouvir as pessoas dizerem que a nossa televisão não presta, no entanto estou farto de a ligar e constatar que de facto é verdade, farto que as coisas com qualidade dêem a horas idiotas (entenda-se de dormir) e que a horas decentes dêem coisas que infelizmente interessam a toda a gente. O 4º Poder começou uma nova ditadura: a ditadura da ignorância, dantes censuravam algumas coisas, hoje não se censuram mas mostram-nas quando as pessoas não as podem ver o que dá um resultado parecido porque dantes as pessoas também conseguiam vê-las, simplesmente em sítios e horas que não se podiam revelar... é o poder mais forte de todos, e não percebo porque é que a Judite de Sousa perguntou ao João Pereira Coutinho se a razão porque ele não investia nos media era porque não era rentável, se levamos as massas (tagliateli, capelini, taglialini) a fazer o que queremos porque é que não é rentável? Também estou farto que nas discussões acerca da televisão digam sempre que a tv2 é a melhor, (não considero a cabo, os canais temáticos são a melhor invenção... pobres e ricos ao mesmo tempo) é verdade têem razão e odeio confirmar isso, é um dos cliché verdadeiros mais comuns dos nossos (portugueses) dias, mas então porque é que eles têm pouco dinheiro e a certa altura ameaçaram despedi-los a todos? Alguém anda a ver os canais errados...

Estou só chateado por ver que agora dá a maré alta que nem sei bem o que é mas é um programa de gajas nuas (ao menos façam porno), depois dá o Herman sic que tb podia ser porno e só à 1 da manhã (programado não exibido) é que dá o filme Monster's Ball, apetecia-me ir para a cama cedo e por isso não o devia ver porque tenho que estudar mas já sei que vou ficar a ver e amanhã vou acordar tarde e pouco produtivo... (vou plantar uma bomba na sic)

PS: não é preciso responderem àquela ultima pergunta... não podia ser mais retórica

Lee Scratch Perry - Dub voodoo

Saturday, January 15, 2005

Troca

O número crescente de metrosexuais é a prova final da troca de papéis na sociedade humana.
Têem-me dito que os meus posts são muito longos, não vou alterar nada a não ser que aconteça naturalmente, no entanto este post vai ser um favor para os apologistas dessa ideia.
É engraçado como durante toda a minha curta vida fui acusado de ser demasiado sintético na escrita e ligar pouco a elaborações ou pormenores daí a grande quantidade de «inc»s que tinha na escola em relação às minhas respostas, raramente erradas mas sempre incompletas; os meus resumos sempre foram mais sintéticos que os dos outros e os meus relatórios sempre tiveram menos páginas que os dos outros; nessa altura chamavam-lhe perguiça hoje em dia escrevo bastante mais e chamam-lhe aborrecido ou demasiado longo simplesmente (quando acontece ser) se o tempo andasse para trás talvez no passado fosse célebre.
Depois destes grandes parágrafos de parêntesis em que acabei de contrariar o que dizia no início volto à primeira frase para poder cumprir pelo menos metade do favor.

Passado: Mulher não vota, Limpa a casa, cuida dos filhos, não trabalha, cozinha, demora 2 horas a cuidar da imagem.
Mulher vota, Limpa a casa, cuida dos filhos, é melhor que nao trabalhe, cozinha, cuida da imagem durante 1h30min.
Mulher vota, trabalha, o cuidado dos filhos é mais ou menos dividido, o homem também cozinha mulher cuida da imagem durante 40 min homem aumenta o tempo de cuidado para 150% têm empregados.
Futuro próximo: Homem cuida da imagem durante hora e meia, cozinha, é melhor não trabalhar (baixa o rendimento), já nao vota.

Tirado do parque jurássico um diálogo de duas linhas engraçado:

Ian Malcom: God creates Dinossaurs, God destroys Dinossaurs, God creates man, man destroy God, man creates Dinossaurs...
Dr. Ellen: Dinossaurs eat men, women rule the earth

Infelizmente hoje não oiço nada porque não estou em casa, é bizarro...

Sunday, January 02, 2005

Até ao tutano

O telejornal podia ser interessante, é no Matrix que um dos agentes diz que os humanos são o cancro do planeta terra, são como um virús (não que um cancro seja viral mas a ideia é transmitida de qualquer maneira), chupam todos os recursos de um sítio e quando estes acabam mudam para outro para que possam fazer o mesmo e continuar a sobreviver em sociedade. É natural, todos os seres fazem pela sua sobrevivência, por isso é que é bom investir no espaço para que nos possamos deslocar quando a construção já for tão grande e difícil de reverter que os ciclos naturais dos elementos não se darão e deixaremos de ter recursos para explorar. Isto é capaz de ser contemporâneo ao período em que a massa biológica for excessivamente humana visto que a população tem dobrado alucinantemente nos ultimos anos e como é óbvio somos feitos da mesma coisa que as outras todas, átomos e moléculas, estes deixaram de estar disponíveis para nos fazer crescer porque já farão parte de nós... todos distribuidinhos, tal como a riqueza nos dias de hoje: há oitenta porcento da população mundial que só produz vinte porcento do PIB quem os mandou ser tantos que chegassem aos oitenta porcento, podiam ter crescido menos e ser cinquenta porcento com uma qualidade de vida mais aceitável (ou ser completamente explorados à mesma, a resposta nunca será clara). Esta introdução era para um tema bem mais pequeno que é a aplicabilidade desta característica humana ao jornalismo; é verdade que é comércio (não devia ser) e é perfeitamente aceitável nesse âmbito comercial, no entanto não deixo de ficar farto (tal como a terra há de ficar da nossa exploração) quando ligo o telejornal deparo-me sempre com os mesmos casos, o caso casa pia, a repetição constante com as pequenas alterações de algumas vírgulas ou pontos ou «e»s ou «mas» do ensacamento do último governo e o tsunami no Oriente e a verdade é que nem tenho ligado a TVI senão provavelmente este texto era muito mais violento e ofensivo; fico completamente farto o que faz com que o telejornal - que hoje em dia é o único programa na televisão que pelo menos pelo nome se presume que tenha qualidade e que dá a horas aceitáveis para um ser diurno - seja objecto de desdém e de mudança de canal para canais temáticos da tvcabo ou para o canal do botãozinho vermelho - o botão de desligar no comando não um canal pornográfico... esse está incluido nos canais temáticos.
Aos futuros e actuais jornalistas que não concordam continuem a lutar, em todas as administrações e gestões há bons e maus, a verdade é que "good guys never win" mas ao menos podem funcionar como um ego do tamanho de David contra um id do tamanho de golias, esta história é uma parábola, se fosse verdadeira o David era esmagado por um passo
de golias ou lançado ao espaço por um espirro.



X - Wife - Fall