Saturday, December 25, 2004

Espírito de Natal

O espírito de natal é uma coisa assustadora, as pessoas sorriem umas para as outras na rua e tratam-se bem frequentemente nesta época. De repente durante dois ou três dias do ano o indice de simpática tem um boom que dura mais ou menos até ao fim do ano e acaba com a volta ao trabalho.
Mas uma coisa que me faz ficar mesmo chateado é o facto de ter pena genuina de certas pessoas como por exemplo o tipo que deixou cair um saco com 250 euros em presentes da mala semi aberta da carrinha mercedes e que vai chegar a casa sem nada para mostrar, o senhor que no almoço de natal estava sózinho numa mesa do pestana palace e o mendigo à procura de qualquer coisa para se manter quente nuns caixotes não muito longe de minha casa. Essa pena incomoda-me nos dois ou três dias de solidariedade. Antes que não os visse ou não soubesse, assim podia ignorantemente ser solidário só por ideal e simpatia com o próximo e não ir buscar casos ainda piores que estas amostras me fizeram lembrar...


Astor Piazzola - Bando

Friday, December 24, 2004

Desculpa Hip-Hop

I like big butts and I can not lie
You other brothers can't deny
That when a girl walks in with an itty bitty waist
And a round thing in your face
You get sprung, wanna pull out your tongue
'Cause you notice that butt was stuffed
Deep in the jeans she's wearing
I'm hooked and I can't stop staring
Oh baby, I wanna get wit'cha
And take your picture
My homeboys tried to warn me
But with that butt you got makes me feel so horny
Ooh, Rump-o'-smooth-skin
You say you wanna get in my Benz?
Well, use me, use me
'Cause you ain't that average groupy
I've seen them dancin'
The hell with romancin
'She's sweat, wet,
Got it goin' like a turbo 'Vette
I'm tired of magazines
Sayin' flat butts are the thing
Take the average black man and ask him that
She gotta pack much back

So, fellas! (Yeah!) Fellas! (Yeah!)
Has your girlfriend got the butt? (Hell yeah!)
Tell 'em to shake it! (Shake it!) Shake it! (Shake it!)
Shake that healthy butt!
Baby got back!

(LA face with Oakland booty)
Baby got back!

[Sir Mix-a-Lot]
I like 'em round, and big
And when I'm throwin' a gig
I just can't help myself, I'm actin' like an animal
Now here's my scandal
I wanna get you home
And ugh, double-up, ugh, ugh
I ain't talkin' bout Playboy
'Cause silicone parts are made for toys
I want 'em real thick and juicy
So find that juicy double
Mix-a-Lot's in trouble
Beggin' for a piece of that bubble
So I'm lookin' at rock videos
Watchin' these bimbos walkin' like hoes
You can have them bimbos
I'll keep my women like Flo Jo
A word to the thick soul sistas, I wanna get with ya
I won't cuss or hit ya
But I gotta be straight when I say I wanna *fuck*
Til the break of dawn
Baby got it goin' on
A lot of simps won't like this song
'Cause them punks like to hit it and quit it
And I'd rather stay and play
'Cause I'm long, and I'm strong
And I'm down to get the friction on
So, ladies! {Yeah!} Ladies! {Yeah}
If you wanna role in my Mercedes {Yeah!}
Then turn around! Stick it out!Even white boys got to shout
Baby got back!

Baby got back!
Yeah, baby ... when it comes to females, Cosmo ain't got nothin'
to do with my selection. 36-24-36? Ha ha, only if she's 5'3".

[Sir Mix-a-Lot]
So your girlfriend rolls a Honda, playin' workout tapes by Fonda
But Fonda ain't got a motor in the back of her Honda
My anaconda don't want none Unless you've got buns, hun
You can do side bends or sit-ups, But please don't lose that butt
Some brothers wanna play that "hard" role And tell you that the butt ain't gold
So they toss it and leave it
And I pull up quick to retrieve it
So Cosmo says you're fat
Well I ain't down with that!
'Cause your waist is small and your curves are kickin'
And I'm thinkin' bout stickin'
To the beanpole dames in the magazines:
You ain't it, Miss Thing!
Give me a sista, I can't resist her
Red beans and rice didn't miss her
Some knucklehead tried to dis
'Cause his girls are on my list
He had game but he chose to hit 'em
And I pull up quick to get wit 'em
So ladies, if the butt is round,
And you want a triple X throw down,
Dial 1-900-MIXALOTAnd kick them nasty thoughts
Baby got back!

Vale a pena ouvir:
Sir Mix-A-Lot - Baby Got Back

Wednesday, December 22, 2004

É absolutamente incrível que se julguem algumas bandas de heavy-metal, trash-metal ou outros metal com prefixos como incitadoras de violência. Sim é verdade que as musicas são dotadas de uma certa agressividade que é natural naquilo que se tenta exprimir (por nobre ou comercial que seja) mas, de terem essa agressividade a serem culpadas de suicídios ou guerras urbanas devia ir um passo gigantesco.
O que se passa de facto, e tem vivido de certa forma incólume como se não se visse, é uma espécie de revolução cultural fruto de algumas músicas que se ouvem hoje e que não são as suspeitas do costume. Hoje abri o folheto de um cd de um certo grupo rap e via os tipos cheios de diamantes, a fumar charutos cubanos e com caçadeiras nas mãos... são este género de grupos que começam a ser idolatrados por grande parte da população juvenil e adulta. É quando se pode considerar que o melhor rapper do mundo é um tipo que se farta de gabar do facto de ser proxeneta, traficante de droga e assassino, melhor... sempre que se vê aparece rodeado de diamantes, carros ridiculamente caros e raparigas que qualquer um gostaria de ter... melhor ainda, só não foi considerado o melhor rapper porque tinha sido preso antes de poder receber o galardão...
Tenho dito


Scissor Sisters - Filthy/Gorgeous

Monday, December 20, 2004

Ofereçam no natal

Toda a gente sabe que a terra é plana e viaja pelo espaço em cima de 4 elefantes que estão em cima de uma tartaruga gigante. Esta proposta, que é revista pelo Stephen King num dos seus romances, é a acção central dos romances de Terry Pratchet. Desde o feiticeiro falhado que chumbou na Unseen University, ao bibliotecário que não se sabe como é que é um macaco até ao loby governamental da ordem dos ladrões que reinvindica os direitos de os bolsos não terem fecho para serem de mais fácil acesso.
Terry Pratchet criou um mundo medieval e fantástico de cerca de «uma data de» livros que se centram nas vidas de várias personagens diferentes desse mundo, um mundo onde não se questiona a origem do universo mas o sexo de A'duin a tartaruga, e onde a Morte tem problemas de consciência. Vale a pena rir com o humor britânico transformado em ficção fantástica que já se encontra disponível na FNAC.
Para os mais procuradores existem algumas novelas gráficas (para aí 3) também engraçadas mas difíceis de encontrar... alias eu só preciso de encontrar a pessoa a quem as emprestei...


Truth! Justice! Freedom!
And a Hard-boiled Egg!


The Rapture - House of Jealouse Lovers

Tuesday, December 14, 2004

( )

Para mim uma das maiores vantagens de escrever é poder fazer parêntesis gigantes e no fim destes lembrar-me do que estava a falar. Acontece frequentemente estar a conversar com alguém, contar uma história que se cruza ou relaciona de certa maneira com o que estava a dizer e depois, quando quero voltar ao ponto principal, não me lembro porque me envolvi demasiado no parêntesis. A beleza maior da escrita (hahaha e muitos hão de me querer chicotear por isto) é o facto de ser capaz de subir as dez ou quinze linhas que intrometi no texto original e poder saber o que estava a dizer para o poder continuar. Ainda melhor é que se o leitor também desviou a atenção do assunto pode fazer o mesmo e subir as dez ou quinze linhas para o retomar.

Gosto de ver a baixa com movimento e as lojas de comércio tradicional a funcionar a certo gás, nas cidades verdadeiramente cosmopolitas as lojas vendem e sustentam-se não vendo "trespassa-se" de quarteirão em quarteirão, e estas lojas não estão nos Colombo ou nos Almada Fórum mas nas Ruas Augusta e no Rossios lá do sítio. O mundo está mal feito, devia haver um computador com inteligência artificial e sem emoções que se pudessem corromper para legislar, claro que esse computador tinha que aparecer do nada e não ser criado por ninguém...

Citação do dia "Sustentem as mercearias" by anónimo até desejo do próprio


X-Wife - Clinic

Friday, December 10, 2004

Mr Ripley

Não removo por princípio mas o que está a negrito é muito saltável aconselho a que se faça.
Há alguns meses divagava pelos corredores da Blockbuster quando me deparei com a capa de um filme que tinha uma fotografia do John Malkovich e o título de "O jogo de Mr Ripley" ("Ripley's game"). Achei extremamente estranho visto que seria presumivelmente uma sequela do conhecido filme "The talented Mr Ripley"; existe um preconceito a meu ver extremamente injusto em relação às sequelas (não feridas... o filme depois do primeiro), no entanto eu também sofro desse preconceito irracional (como são todos) e impliquei, não alugando o filme.
Ontem à noite ia jantar a casa de uma amiga minha e fiquei de levar um filme, levei dois, um deles alugado... para o alugar passei pela blockbuster e enquanto passeava no corredor dei de caras com esse filme. Elaborei muito rápidamente uma questão que precisava de uma resposta, uma questão longa mas que o nosso cérebro consegue condensar em 5 segundos de rápidos juízos, relações e dúvidas. Porque é que John Malkovich - sobejamente conhecido como o típico americano que se conveteu à Europa, ao seu charme cultural e aparente nobilidade moral - aceitou fazer uma sequela de um filme que embora já roçasse um fascínio pela europa e tivesse (pelo menos a meu ver) uma certa marca de qualidade não deixaria de ser talvez um objecto de lucro? As sequelas são mal vistas, o John Malkovich tem um certo vício pela qualidade, a capa alternativa a esta parece um fresco pintado nos dias de hoje... estas e várias outras conclusões que não consigo enumerar (pois foram mais as sentidas do que as pensadas... difícil de explicar) duraram os 5 segundos que precederam o eu pegar no dvd e pisgar-me a cem por hora do sítio.
A estas questões respondeu um filme com um John Malkovich que nasceu para fazer este papel e um verdadeiro seguimento do filme anterior: desde o jovem que gostava da rebeldia jazz e que passa a gostar da organização da música clássica e do som (horrível) do cravo à passagem da mente confusa e perturbada para uma mente lúcida (assassina mas lúcida não obstante) e esclarecida, iluminada... O filme realmente parece um fresco e não sei porquê mas gerou-se uma grande confusão na minha cabeça se seria de como foi filmado, ou da televisão e do leitor de dvd que (não percebo nada disto) pareciam "top notch", mas o filme parecia extremamente real - é isto a Alta definição? não sei... - tão real que parecia ter sido filmado com uma câmara de video daquelas que qualquer um pode comprar no corte inglés, real no sentido de não produzido, um aspecto realista; poderia ter sido por ser feito por italianos? E já agora por ter sido feito em Italia? Não sei... mas a confusão foi porque hoje na Fnac passei pelo "senhor dos anéis" numa televisão e atingiu-me a mesma sensação , e eu ja o tinha visto no cinema (parecia diferente) ao contrário do "Ripley's Game" que não tinha visto e por isso não tinha termo de comparação. Quero continuar a acreditar que era a maneira como estava feito o filme embora duvide que assim seja, tenho que descobrir, odeio confusões...
John Malkovich dá a sensação que consegue fazer os filmes sózinho, nas cenas em que ele não aparece ficamos com a ideia que o resto dos actores andam sem saber o que fazer tornando o filme bizarro de certa forma. Mesmo sendo a continuação e a apreciação dos dois filmes em conjunto satisfatória - sim nós temos satisfação em relacionar as coisas e compreender essa relação - o filme tem uma individualidade que cumpre o objectivo, uma espécie de reflexão sobre a vioência e o propósito de algumas decisões que são tão humanas como poderiam ser animalescas, o propósito de matar alguém ou o simples facto de se esse alguém for um parasita a sua morte ser apenas "one less car on the road, a little less noise" à qual não é necessário dar importância negativa. Este papel pertence a Malkovich mais do que a qualquer outro actor que tenha representado o senhor Ripley
A verdade final é que este filme pelo que me consta não chegou a estrear nos cinemas em LA por um conjunto de factores e por essa razão não houve nomeações para oscar o que também não é importante visto que é um prémio que não tem grande carisma ou reputação por ser artisticamente legítimo ("Money talks").


Shrapn3l - One step to decline

Monday, December 06, 2004

Equívoco Comum

Queria apenas apontar um dos grandes equívocos dos dias de hoje: o sarcasmo e a ironia são normalmente apontados como a mesma coisa... não são. O sarcasmo acontece quando se diz de uma forma mais agressiva e explícita aquilo que se quer transmitir; pode ser muitas vezes um instrumento de humor negro, e pode também ter um tom irónico; no entanto é exactamente o inverso da ironia, que se usa para dizer exactamente o contrário daquilo que se sente contendo um carácter cómico e gozão. Consideremos livremente então o sarcasmo como uma espécie de disfemismo na linguagem comum. Por exemplo:

Sarcasmo: "Tu és realmente muito feia" (note-se a crueza do comentário)
Ironia: "És realmente de uma beleza incomensurável" (note-se o tom de gozo e chacota implícito no exagero das palavras)

Por serem usados pelo mesmo género de discruso em certas pessoas e por muitas vezes caminharem juntos tomam-se pelo mesmo (como os "rednecks" e o resto dos americanos) mas na verdade não o são.

Saturday, December 04, 2004

À Noite

Vários estudos incidem sobre os efeitos da luz na regulação fisiológica humana. Fotoreceptores que libertam mensagens que vão provocar qualquer alteração na maneira das nossas células funcionarem mais tarde e em final instância o funcionamento completo do nosso corpo. A partir de diversos factores e sistemas no nosso corpo, o nosso comportamento também se dirige para um conjunto de actos que procuram manter o nosso bem estar e necessidades (por boas ou fruto de vicío que sejam). Mas porquê de noite e não de dia? Será que temos semelhanças genéticas com alguns animaizinhos nocturnos? Eu não prefiro a noite ao dia mas porque é que gosto de sair à noite (entenda-se "sair a noite" diferente de "bora sair")? Poderia ser porque a falta de luz nos faz abstrair dos problemas dos períodos em que há luz: o espaço que nos rodeia é tão diferente num período e no outro que estamos de maneira diferente, dispostos em condições que não têm nada a ver com o estado natural (de dia)... As próprias pessoas que vivem de noite - não os vampiros, mas os guardas nocturnos e profissões do género - criam uma figura própria, mais pálida, solitária, soturna e melancólica.. estarão de dia frequentemente mais eufóricos tal como os diurnos à noite? Poderão ter adaptado os seus corpos tal e qual a lei do uso e desuso para viver em condições diferentes? Hoje em dia sabemos todos que temos uma grande amplitude de períodos de vida activa porque desenvolvemos sistemas de sobrevivência para todos os meios circundantes, noite, frio, calor, humidade... a selecção natural levou a que alguns animais lhes crescessem garras, ou bolsas, ou dedos... nós fomos seleccionados também... no enanto não temos dentes afiados para cortar a carne nem epinhos para nos protegermos; temos sim um cérebro muito desenvolvido, e com esse desenvolvimento do cérebro, que nos permitiu construir o que construímos seria bem possível e é verdade que no campo emocional e psicológico somos provavelmente mais complexos do que os outros animais e por alguma razão somos o Hommo sapiens sapiens, que tal como o nome indica se desenvolveu com a característica de evoluir em sabedoria. Haverá mesmo um acréscimo místico durante a noite? Será que tal como é metaforizado que o escuro é a ignorância nós mesmos, inconscientemente e ironicamente usamos essa ignorância para nos enganarmos e enganarmos os outros com histórias que por vezes podem ser extremamente standardizadas, conservadoras e com um objectivo de educar as crianças para ideias castradoras da liberdade? Não é claro, ás vezes tentamos explicar coisas tão pormenorizadas e específicas e há coisas simples que não têm explicação... não que a noite seja simples, mas a declaração não deixa de ser pertinente e estar relacionada a meu ver.
Porquê fazer tantas perguntas e juízos e não apenas solucionar o problema como podemos? Por vezes as perguntas e juízos ajudam-nos a resolver os seguintes, por vezes são aparentemente inúteis e cinquenta anos depois dão jeito, por vezes nunca têm utilidade mas não se deixam de formular. Pensar dói mas dói mais quando não faz sentido e só nos serve para nos preocuparmos com coisas às quais se calhar nnão damos assim tanta importância...


Vicky Lawrence - the night the lights went out in georgia